segunda-feira, dezembro 07, 2009

II Virada no Espaço traz curtas de Alexandre Guena pela primeira vez na telona


Música e cinema são duas coisas intimamente ligadas na vida do cineasta baiano Alexandre Guena, também conhecido como Xanxa. Seu nome pode ser associado ao material audiovisual de artistas como Pitty, Retrofoguetes e os extintos Dead Billies. Não é à toa que ele guarda em casa duas estatuetas da MTV. Partindo dessa combinação poderosa e aglutinadora, no dia 11/12, uma sexta-feira, o Espaço Unibanco Glauber Rocha abre suas portas para a exibição dos mais recentes curtas de ficção desse jovem diretor. A II Virada no Espaço acontece em clima de celebração indie, o evento abre o final de semana reunindo alguns dos mais destacados nomes do cenário musical independente de Salvador, incluindo também a equipe dos filmes para um bate-papo com o público. A festa começa às 21h com um lounge e promete se estender por uma madrugada rock. Os ingressos custam R$ 5.

O programa da noite, idealizada em parceria com Claudio Marques, responsável pelo Espaço Unibanco em Salvador, traz seis filmes curtos realizados ao longo desse ano por Guena e sua equipe, auto-intitulados The Sadistics - nome que surgiu a partir do título do primeiro deles, Sadistic. Além deste, serão exibidos Politic; Superstar; Screen test by sadistics; Silent star; Waltervile e mais um bônus que será anunciado durante o evento. A exibição dos filmes será acompanhada de um bate-papo com o diretor, os atores Emanuela Campos e Paolo Fraga e equipe técnico-artística dos curtas, que falam de seu processo criativo, bastidores das gravações e, claro, sua relação com a música. Após o lançamento cinematográfico, a festa segue com shows e discotecagem, ocupando o belo e versátil espaço cultural com figuras, sons e personagens de uma Salvador urbana e contemporânea, que se despede de 2009 e já aponta outros caminhos para 2010.

The Sadistics




Alexandre Guena, Emanuela Campos e Paolo Fraga por David CampbellPara Alexandre Guena, esses trabalhos representam um momento de grande felicidade em sua carreira, graças ao envolvimento visceral da equipe, que resultou em curtas de teor anárquico e irônico, em que a música também surge como criadora de sentido. “Tudo ali é muito verdadeiro, partimos de uma ideia, mas muitas coisas são inventadas no clima do set com muita liberdade”, diz. Seus filmes têm chamado a atenção da comunidade internacional de profissionais do audiovisual reunida no site Filmaka.com, o que também lhe rendeu uma citação no Facebook da banda Sonic Youth.

Reafirmando que a realização dos filmes é uma criação coletiva, Guena faz questão de ressaltar a importância do carisma e da entrega de seus atores. “Eles são as estrelas, os filmes foram feitos por causa deles e de como eles reagiam à câmera. Eles têm muita confiança no trabalho que estamos fazendo juntos, por isso se dispõe a ousar e trazer à tona aqueles personagens”, explica.

Os atores, que encararam pela primeira vez o desafio de atuar, também reiteram a ideia de retroalimentação, afirmando a influência das referências estéticas trazidas por Xanxa e que o espírito de respeito e admiração mútuos deram a tônica de todo o processo. Para Emanuela Campos, é dificil dizer de onde tirou a inspiração para suas personagens, mas as referências passam por Assassinos por natureza, Encontros e desencontros e até Mariyn Monroe. Ela estava em Buenos Aires quando foi convidada para fazer o primeiro filme - “achei que era uma boa chance de fazer um trabalho com amigos e que a experiência de estar em frente às câmeras seria no mínimo divertida”, conta. Paolo Fraga, por sua vez, diz ter tirado inspiração da obra de Dr. Hunter Thompson (autor de Medo e Delírio em Las Vegas): “O pai do jornalismo Gonzo faz essa crítica sádica ao que nos tornamos e o que se tornaram nossos sonhos. Além disso, o personagem é a parte de mim que transborda”. Sobre o resultado, ele completa: “Este é um trabalho de união. Cada um trabalhou com o melhor de suas qualidades, fazendo questão também de deixar claros e explícitos os piores defeitos”.


II Virada no EspaçoExibição de Curtas de Alexandre Guena + bate-papo +festa
Quando: 11/12/2009 (sexta), a partir de 21hOnde: Espaço Unibanco Glauber Rocha - Pça Castro Alves
Quanto: R$ 5 (preço único promocional)






PROGRAMAÇÃO
21h Warm up no foyer ->lounge


22h Exibição de curtas (total 23 minutos):
- Politic (1'22'') - you will never find.
- Sadistic (3') - The other side and our lifes
- Superstar (3') Lonelyness is sucha a sad affair
- Screen test by sadistics (2'15'') - teste de elenco ou um pouco de Andy Warhol
- Silent star (13) - homenagem às estrelas silenciosas.
- Walterville (4') - catarse no cinema

22h30 Bate-papo com Alexandre Guena, Emanuela Campos, Paolo Fraga e equipe sadistic.
23h Discotecagem Messias (brincando de deus)
23h30 Show The Futchers
00h Show Coletivo Muito Barulho Por Nada
00h30 Discotecagem:-Messias-Big Bross-Le Persie-Marccela Vegah-Dj Buenas

+ ALEXANDRE GUENA

quarta-feira, setembro 23, 2009

Sophie fala


Quando soube que a exposição Cuide de Você, de Sophie Calle, além de São Paulo, viria a Salvador, fiquei agitada. Quem diria, a Terrinha no circuito de uma mostra desse porte. Novos tempos, esses. E ainda tem gente que acha bobagem ter curadora de nível internacional à frente de equipamento cultural na Bahia. Pois bem, não conhecia o trabalho da artista, mas fui lá fuçar o site a respeito. Um término de relacionamento por e-mail transformado em arte a partir da interpretação de diferentíssimas mulheres para a tal carta pós-moderna de desamor e desamarro. O burburinho que foi se criando espontânea e previamente por aqui - fui chamada por pelo menos três pessoas de diferentes círculos para ver a exposição - é um bom termômetro para o impacto que Sophie Calle pode causar. Nesta semana, quando finalmente a instalação se abre ao público baiano, com direito a uma palestra da ditacuja em carne-osso-e-evasivas, comprova a qualidade do trabalho e como ele mobiliza o imaginário do público.

Tive a oportunidade de estar presente na palestra de Sophie, realizada terça-feira no Teatro Vila Velha, da qual muita gente infelizmente ficou de fora porque a capacidade das plateias dos espaços de Salvador é oito ou oitenta (ou melhor, 200 ou 1.500). O que vi foi uma persona que ao mesmo tempo fascina e irrita, fazendo absoluta questão de manter sua aura de artista excêntrica, mas com o respaldo de três décadas de trabalho provocante e belo. No palco falando de sua história, apresentando suas realizações, Sophie Calle parece mais jovial e charmosa do que a figura que circula nos bastidores. E apesar de sua obra partir de experiências absolutamente subjetivas, chega a ser chata contra a espetacularização de seu trabalho, vetando filmagens, fotos e enrtevistas - para desespero dos assessores de comunicação e jornalistas que gravitam em torno de sua passagem.

Acostumada a se apresentar em muitos lugares e com um trabalho que é marcado pela participação de outras pessoas em sua materialização, Sophie 'implorou' - como ela mesma disse - para que a palestra seguisse um formato aberto o tempo todo, guiada pelas perguntas dos presentes. Se por um lado a participação é positiva, pois talvez evita que ela se repita em suas falas, por outro a insistência do público em repetir perguntas tentando arrancar o 'segredo' do trabalho e afirmações meio descabidas mesmo quando refutadas acaba comprometendo a qualidade do conteúdo.

Mas, o que diz Sophie Calle, afinal? Uma de suas afirmações provocadoras é de que se tornou artista para seduzir o pai, que era colecionador de arte. Disse que queria conquistar seu próprio lugar na parede do velho - com bom humor, contou que conseguiu.

Não é exagero acreditar que a principal inquietação provocada pelo trabalho de Sophie seja a curiosidade por encontrar a linha que separa a experiência pessoal e umbiguista da artista do resultado de seu trabalho. Afinal, é no mínimo contraditório que ela afirme que suas obras não são de ordem terapêutica, uma vez que partem de lugares como a perseguição obsessiva de pessoas na busca de uma motivação para o próprio cotidiano, como registrar pessoas dormindo em sua cama, um rompimento amoroso e até mesmo a morte da própria mãe.

Ela faz questão de dizer que sua abordagem dos temas é mais sensual, intuitiva e sentimental do que intelectual, o que a torna também uma espécie de escrava do próprio estilo - "faço somente aquilo que sei fazer", refere-se ao contínuo uso de vídeo, imagem e texto. A respeito do olhar acadêmico, crítico e reflexivo, ela desdenha: "não vivo da maneira como eles falam de mim".

Nos trabalhos que teve oportunidade de apresentar durante a palestra, o eixo de Sophie parece ser a tentativa de reconstituição imaginária de um objeto, pessoa ou relação a partir de sua ausência. Uma de suas obras reúne fotografias de quartos de hotel quando são desocupados - ou 'abandonados', como ela coloca. Essas imagens, com rastros deixados pelos ocupantes, fazem referência ao fato de pessoas dormirem na mesma cama sem jamais terem se conhecido, nem mesmo se visto. Somente o quarto deixado para trás é testemunha dessa relação ausente.

O mesmo ocorre em outra instalação, em que o espaço deixado na parede de um museu por um quadro que foi emprestado recebe um 'quebra-cabeça' descritivo formado por objetos e intervenções feitas por quem conhecia o quadro, como funcionários do museu. Esse 'fantasma' do quadro ausente motiva a obra.

O tempero de Sophie Calle é sua recusa a dar maiores explicações, ao mesmo tempo em que instiga questionamentos. Ela provoca situações e a partir delas conta histórias, diz que já fez projetos "apesar de si mesma", ou conta que foi ao Japão porque não gostava do país, uma vez queria honrar o investimento em uma bolsa de estudos, então não podia se divertir. E assim, o tempo todo ela despista, brinca com o que é ordinário e tornado fascinante, joga ao fazer questão de demarcar separação entre vida pessoal e obra de arte. "De tanto contar o que aconteceu comigo, me distancio do que aconteceu", e assim, ao repetir suas histórias, relativiza os fatos e se alheia a eles, é o máximo que esclarece. E instila mais doses de veneno na curiosidade humana, que persegue os sinais do que é criação ou realidade objetiva.

Apreciar ou não o trabalho desta francesa é como uma questão de fé. Ambos os argumentos, contra (ela faz uma exploração banal do seu cotidiano) ou a favor (ela ultrapassa suas vivências pessoais e aborda questões universais), podem parecer igualmente válidos a depender do ponto de vista. E a sensação que tive é que ela, como um bom palhaço, quer mais é ver o circo pegar fogo. Assim, suas obras seguem lançando lenha na fogueira dos debates sobre arte na contemporaneidade.

E no meio de tudo isso, ainda reserva para o final de sua fala uma dose de loucura e poesia. Ela registrou em vídeo os últimos momentos de vida da mãe, que estava inválida e da qual ela não podia (ou não queria?) estar próxima. Seu olhar se concentrou nos 12 últimos minutos em que paira a dúvida sobre a fronteira enrte os mundos. Então, conta que a mãe sempre desejou conhecer o Pólo Norte, mas não teve oportunidade. Após sua morte, Sophie foi até lá e enterrou sob uma camada de gelo um diamante bruto guardado há décadas como um amuleto de sua família.

Em tempo: fui também na abertura de Cuide de você, que segue até novembro no MAM-BA. Independente do conceito, o resultado estético da instalação é belíssimo. Talvez ela queira nos lembrar que às vezes é só isso que importa afinal. (ou não)

domingo, agosto 30, 2009

o caso da professora

Nos últimos dias, não se fala de outra coisa em Salvador. Para quem não sabe, trata-se de uma professora de educação infantil, que dançou no palco de um show de pagode a música cujo explícito refrão diz "todo enfiado" e isso foi parar no youtube. E não só na comunidade digital, mas em programas de tv de jornalismo sensacionalista e capa de jornal dito sério. Como consequência, pelo que soube, a professora "pediu demissão" da escola onde lecionava e teve de mudar de bairro, uma vez que ela nem a filha de 6 ou 8 anos não aguentavam mais ser motivo de chacota.

Pois bem. No vídeo gravado por inúmeras câmeras e celulares, uma mulher jovem aparece dançando com a calcinha e saia levantadas pelo vocalista da banda, remexendo com uma bela bunda na rua. Gritos e aplausos. Em seguida, isso lhe rendeu censura e condenação de toda a capital baiana, que a apontam como uma Geni, indicando que mereceu tudo aquilo que lhe aconteceu depois - uma reputação ladeira abaixo. Isso, no mesmo país em que a Rainha dos Baixinhos tem na filmografia um filme em que realiza a inicação sexual de uma criança, na mesma cidade em que Carla Perez, depois de tornar-se símbolo sexual de nível nacional, tornou-se puxadora de bloco infantil. Dois pesos, duas medidas. E veja que essa é a dita terra da alegria, do luxuriante carnaval, das festas de largo onde ninguém é de ninguém, de beijar na boca, do candomblé e seus deuses marcados de carnalidades.

Desde que o fato da professora ganhou as ruas, não ouvi nenhuma opinião em sua defesa, alguém capaz de acreditar que sua atitude exibicionista não mereça como resposta (para não dizer castigo) a destruição de toda sua vida - ou alguém duvida que ela terá dificuldades de arrumar emprego como professora por essas plagas?

Será mesmo que sua vida particular - no momento tornada pública - influencia diretamente na sua atitude enquanto profissional? Não conheço esta mulher, não compartilho de seu gosto musical e até achei a atitude vulgar, apesar de não tão diferente de outras tantas que já presenciei em dionisíacos momentos festivos. Mas sinceramente não acho que isso deveria ter provocado um racha em sua vida, nem mesmo ter ganho a capa de um jornal. Tenho ouvido até dizer que sua única chance de sucesso na vida, a partir de agora, é posar nua e outras profissões ligadas ao sexo, como há séculos é destino certo das mulheres que "perderam a virtude".

Pessoal, estamos em 2009! Já passou há muito a hora das mulheres tomarem conta de seu corpo, seus desejos sexuais, seus fetiches, seu poder. Muitas provavelmente têm a fantasia (INCONFESSÁVEL) de estar no lugar de exposição da professora - e outras até já fizeram fama e fortuna em posição semelhante. Mas aqui isso rebaixa, diminui e desmerece uma mulher que além de cuidar dos papéis de profissional e mãe, guarda tempo para sua diversão e seu prazer.

Se ela estava bêbada ou sóbria, na verdade, pouco importa. Ela vivia ali seu momento catártico e agora já foi julgada e condenada por isso. E olhe que ela não cometeu nenhum crime, não fez mal a ninguém, nem mesmo mostrou algo que já não estejamos acostumados a ver nas nossas praias ou tvs. Ela dançava conforme a música - cujo gênero, por sinal, é bastante popular em nossa sociedade. E por que agora essa mulher não serve mais para ensinar a crianças ou viver no seu bairro? Por que dar o bom exemplo é punir essa mulher que se expôs?

São perguntas que a Bahia precisava responder.

quarta-feira, agosto 05, 2009

NAVE NO CINEMA 2 - O TEMPLO DA PERDIÇÃO


Dois anos se passaram e a Nave de Cinema volta a ferver. Sob a direção de Janocide e el Cabong, a seqüência tem retorno arrasador, reunindo quem mais entende de música e cinema por essas plagas. A trilha sonora inesquecível é assinada pelos Dj’s Albarn, Gabi A., Marccela e João Carlos Sampaio, além dos próprios Janocide e el Cabong, que se revezam em pistas simultâneas. Os sets incluem sucessos das pistas de dança nos cinemas e grandes clássicos da telona, de "Embalos de Sábado a Noite" a "Kill Bill", de James Brown a Strokes, de New Order a Bee Gees. A produção está empenhada em seu maior desafio: fazer dessa continuação um sucesso ainda maior do que o anterior, agora nos palcos da Boomerangue.

A direção de arte e cenários estão caprichados, remetendo ao universo do cinema. Na tela, filmes, traillers, suecadas e cenas imortalizadas da história da Sétima Arte. Garantida também a pipoca, prêmios para as melhores fantasias, brindes e torneio com as melhores representações de danças de filmes. O resto é surpresa. No comando da trilha sonora os DJs Janocide e el Cabong, que mais uma vez navegarão por todas as épocas da história do cinema - desde que este deixou de ser mudo, claro! Janocide vai mostrar das músicas menos conhecidas de filmes campeões de bilheteria, até grandes hits das trilhas de filmes desconhecidos. Ouvidos na música e olhos no telão, el Cabong caprichou na pesquisa e vai mesclar algumas das músicas cujas danças marcaram gerações em filmes como "Footloose", "Pulp Fiction", "Boogie Nights" e "Pequena Miss Sunshine".

Crítico de cinema e frequentador de festivais, João Carlos Sampaio escreve para um dos principais jornais da cidade e é habitué de festas e shows de rock na cidade há algum tempo. Ele promete trilhas e sons diversos extraídos de filmes. O conhecimento em cinema e música de outro jornalista, Lucas Cunha, DJ Albarn, também vai poder ser conferido nessa continuação. Responsável por um dos maiores sites de cinema do estado, o Cineinsite, Albarn deve caminhar por trilhas dos anos 80 e aquelas músicas que remetem diretamente a filmes. Mais focada na pesquisa em cinema, DJ Gabi A. estuda os documentários de rock e música pop, os chamados "rockumentaries". Exímia conhecedora do rock alternativo dos anos 80 e 90, promete um set de trilhas pouco usuais. A DJ Marccela, integrante do Coletivo Muito Barulho por Nada, já garantiu músicas das trilhas de filmes como "Grease", "Alta Fidelidade", "Maria Antonieta", "Trainspotting", entre outros, o que aponta para bandas como Beatles, Blur, Gang of Four, Franz Ferdinand, Ting Tings, Strokes... Um set, como ela mesmo denomina, aeróbico.

Ao talentoso e estelar elenco, são permitidas danças desengonçadas, palminhas na pista e figurinos baseados livremente em qualquer filme. A avant premiére é dia 8 de agosto, sábado, às 23 horas, com ingressos vendidos a R$15,00.

Promoção Rebobine, Por favor
Para quem quiser participar da Nave no Cinema 2 desde já, está rolando a promoção "Rebobine Por Favor", em que o público refilma cenas marcantes de filmes famosos e concorre a DVDs, ingressos para cinema, cortesias em locadoras, cartazes de filmes, entrada gratuita na festa etc., oferecidos pela produção em parceria com a Casa de Cinema, Espaço Unibanco e Ilus3. É simples: faça um video de 30 segundos a 3 minutos com uma cena clássica de um filme, disponibize no Youtube com o cartaz da Nave de Cinema 2 até o dia 6 de agosto. Os vídeos entrarão no Canal da Nave no Youtube (youtube.com/user/festanave) e serão exibidos no telão durante a festa. Envie o endereço do vídeo para o mail
festanave@gmail.com. Os três melhores vídeos ganharão os prêmios. Fiquem atentos: outras promoções serão divulgadas nos sites da Nave, no orkut e no twitter.

Nave de Cinema parte II: O Templo da Perdição
[Rock - Pop - Electro - Trilhas Sonoras]
DJs:
el Cabong / Janocide / Albarn
Gabi A. / Marccela / João Carlos Sampaio
08/08/2009 | 23h | R$ 15 (sem consumação obrigatória)
Boomerangue (Rua da Paciência, 307 – Rio Vermelho)
Telefone: (71) 3334-5577
Classificação: 18 anos

Site: festanave.wordpress.com/
e-mail :
festanave@gmail.com
MySPace: www.myspace.com/festanave
Twiteer: twitter.com/festa_nave
You Tube:
www.youtube.com/user/festanave

domingo, março 15, 2009

Viva la muerte!

Finalmente mergulhei no fantástico universo dos downloads de filmes e séries e gravação de dvds com os produtos. Estou descobrindo às duras penas o resultado da minha desorganização digital - como filmes independentes largados no hd por séculos sem legendas.

A melhor aquisição por hora são as duas temporadas de Dead Like Me.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

avalanche e desmoronamento

Tive um papo hoje com um amigo, sobre homens e mulheres. Vinha para casa decidida a escrever mais uma arenga relacionada à guerra dos sexos. Me inserir mais uma vez nessa feijoada de clichês. Só que hoje tive um dia daqueles em que os acontecimentos atacam em bando. Más notícias de todos os tamanhos - quer dizer, não houve nenhuma exatamente colossal, mas P, M, G, GG e XXG estavam lá.

Então fiquei totalmente sem moral para dizer nada. Uma bigorna caiu em minha cabeça. Ainda que não sinta desespero ou vontade de chorar, tenho consciência de que a situação está feia de várias maneiras. Nada que mate, mas certamente arranha. No trabalho, na vida pessoal. O caos desafiando o raio de otimismo que me acertou no último mês.

Mas o tempo todo é assim mesmo, né? A gente não pode se dar ao luxo de acostumar com nada. Persistência é uma luta diária. Precisa de fibra, dentes cerrados, tônus no abdome. Adrenalina.

pausa para um suspiro

A todo momento é preciso mudar de plano. Corrigir as velas e ser maleável para não perder o prumo nem todo o rumo. É preciso desenhar metas com traços leves, porque a borracha da vida apaga, por isso é melhor não deixar marcas que enfeiam nosso papel.

Tudo isso é para me convencer de que as coisas não são tão ruins assim. Que tudo está sob meu controle e pode melhorar. Que o melhor conselho agora é um chá de camomila.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Na maré de Calcanhoto


Tirei a hora para desfrutar minha solidão.
Indelével, inefável, infalível solidão.

saia dessa vida de migalhas
desses homens que te tratam
como um vento que passou


No último domingo, pela primeira vez fui assistir a um show da Adriana Calcanhoto, cantora e compositora que admiro, mas não conheço bem. Ela passou novamente por aqui em turnê de seu último álbum - Maré. Meio que pensei em desistir de última hora, mas tinha de ir entregar os convites de uma colega, portanto não teve jeito. Final de domingo, sozinha, fui lá. Sentei no meio da multidão e nem percebi quando fui tomada pelo encanto.

Ano passado, de presente de aniversário, ganhei de minha mãe o Maré. Depois de ler entusiasmados comentários na imprensa, me decepcionei com o disco. Achei mais do mesmo da Adriana Calcanhoto. Ouvi seguidamente umas duas, três vezes tentando gostar, não consegui. Fiquei na minha e guardei o cd meio esquecido. Até que nesse domingo, tudo fez sentido.

- Ela me despedaçou cantando "Eu sei que vou te amar"
- Nossa! Não sabia que vc gostava tanto dessa música
- Nem eu

O cenário era azul com desenhos que remetiam à vida marinha. Uma concha gigante aparecia iluminada em primeiro plano no palco. Ela, com um enorme vestido vermelho e coberta por um xale na mesma cor, era um coração discretamente pulsante no centro do palco. Arrebatador.

À medida que foi desfilando o repertório com sua voz delicada, Calcanhoto embalava a multidão sentada em transe. Muitos casais de moças e casais de opostos tinham sua hora mágica. Um show de romantismo ao extremo sem pieguice nenhuma. Me descobri completamente apaixonada, mas sem nenhum objeto.

a uma hora dessas
por onde passará seu pensamento

por dentro da minha saia

ou pelo firmamento?


Somente depois é que fui descobrir que as músicas que mais me tocaram, que mais falaram direto para mim, são justamente as presentes no seu mais novo trabalho, que está inteirinho lá, claro. Onde eu estava com a cabeça, meu deus? Ouço hoje o cd como quem ouve pela primeira vez. Ou pela segunda, logo após a Descoberta.

Adriana mostra que para ter um pleno domínio do público e do palco não é preciso ser um furacão enérgico. Com humor inteligente, sua simpatia comedida, que pode ser confundida com uma seriedade de timidez, contou causos do meio artístico e apresentou as novas músicas. Tudo isso lá, sentadinha no seu banco, sem alterar o tom de voz ou tirar o pé do chão. Linda como uma boneca russa.

amarrado num mastro
tapando as orelhas

eu resisti

ao encanto das sereias
eu não ouvi

o canto das sereias

E aí ela cantou também as músicas mais antigas, acompanhada pelo coro fiel de milhares de vozes, a quem ela enganava com uma interpretação de compasso ligeiramente diverso do registro original. Outra coisa que achei genial, porque pra mim um show é para você ouvir o artista - falando, explorando possibilidades na música, brincando com melodia e letra - caso contrário, melhor seria ficar em casa e escutar o cd ou mp3.

Esse show abriu uma janela em mim, provocou novidades e vontades. Pensei a sério sobre coisas que jamais imaginei que pudessem ser acordadas através de música, como partir da segurança da cidade que conheci a vida toda - e o inverno no leblon é quase glacial.

E mergulhei por completo na delícia das letras, que talvez pela primeira vez tenha decifrado, compreendido além da textura sonora, das ondas do rádio, do folhetim televisivo. Ali, átomo em meio à onda humana na Concha, desvelou-se uma identificação profunda, da qual até então tinha mera suspeita.